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Página específica para a 3ª edição do curso de especialização em Gestão Pública e Sociedade:

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Um Grão no Mar de Milagres

Eu queria escrever uma mensagem que fosse UNIVERSAL, porque assim ela chegaria a um maior número de pessoas. Talvez, eu pudesse escrever algo COMPLEXO, cheio de termos rebuscados e rico em conteúdos teóricos. Ou quem sabe esta mensagem não deveria ser SIMPLES, de tal forma que fizesse com que seu principal objetivo fosse cumprido? O certo é que “como, quando, porque, onde e a quem” ela vai chegar... Isso veremos.

Queridos amigos, o fato é que quando algo de muito bom vem acontecendo com a gente, é preciso fazê-lo ser conhecido e reconhecido.



“Estou num quarto fechado,

frio, sombrio, isolado.

Estou anestesiada e mal consigo abrir os olhos.

Algo estranho acontece, mas ainda não sei explicar o quê”.



Você já imaginou como essa mensagem poderia ter um fim dramático se ela tivesse continuado a ser escrita? E se eu dissesse, então, que...



“Uma grande festa estava acontecendo naquele lugar, que o quarto era, na verdade, um salão amplo, iluminado e colorido?”



Talvez você perdesse seu interesse pelo texto, não é?



Pergunto-me porque nós, seres humanos, temos essa tendência a valorizar as grandes dores, o sofrimento, o drama?



Sabe qual a parte mais chata do câncer? Ter que viver, dentro e fora dos nossos lares o drama de PARECER doente, CARECA (mesmo sem estar), porque a sociedade assim exige e sem que necessariamente ou verdadeiramente nos sintamos doentes.



Será que, talvez, não é mais uma marca que carregamos após o homem, em sua estupidez, se deixar levar pelo pecado original de Eva e Adão?



Estamos doentes? Qual é a nossa doença?



É desgastante saber que se está vivendo um momento pleno e ter que fazer “cara de choro”. É cansativo saber que se está diante de uma Grande e Bela Oportunidade, mas que o mundo nos entende melhor se ela for encarada como a Grande e Difícil Tristeza. Sob esse ângulo, o título dessa mensagem devesse ser substituído de “Um grão no mar de milagres” para “Minha luta contra o câncer”.



Amigos, se eu pudesse entregar-lhes numa gota translúcida o meu coração, minha alma e porque não, todo o meu ser, vocês veriam: o drama ficou pra trás e dentro de mim o que se constrói, a cada segundo que tenho passado durante este tratamento se resume em graça divina. Imaginem um ser que se sente “visitado” por inteiro, que se sente lavado dos pés a cabeça! Mas pensem numa faxina “geral”! Isso é o mínimo que eu posso dizer sobre o que eu tenho ganhado de Deus nesses dias, que mais parecem séculos e séculos.

Como sairei dessa faxina? Eu ainda não tenho a resposta, ou talvez, eu nunca mais precise de respostas exatas, mas pra você, meu amigo, eu posso e Deus Quer e Precisa que eu tente dizer.

Sinto-me, acima de tudo, tocada por Ele, plena da Sua existência e do Seu amor incondicional, leve por me sentir amada e certa de que minhas lágrimas foram cuidadosamente enxugadas, de tal forma que é impossível não arrepiar toda a espinha e todos os fios de cabelo ao tentar descrever Tal Beleza. Mal consigo sentir as dores físicas, como se elas nunca tivessem existido.

Como se não bastasse, ganhei, ainda, a alegria de viver, a gratidão pelo recomeço, a certeza de um novo olhar diante do mundo, mais tempo com meus pequenos grandes filhos, a reconstrução e união de toda minha família.

Sabe quem me deu isso tudo? Acho que não preciso repetir.

Posso, portanto, chamar esse processo de “tratamento de uma doença”? Não. Doente eu estava antes.

Fiquei doente quando deixei que “falta de tempo” justificasse tudo o que eu não fiz, não busquei, não enxerguei, não conquistei. Eu estava doente quando transportei minhas deficiências para os outros. Fui adoecendo a cada momento em que abri minha boca para julgar alguém, a quem hoje considero um amigo, irmão. Eu estava doente de tantas coisas! Se fosse elencá-las, a lista seria enorme! Lembra do que falávamos há pouco sobre a afinidade do ser humano com o drama? Só que eu não quero mais perder tempo com isso.

Meus defeitos? Muitos persistirão, mas levarei, igualmente, minha CONSCIÊNCIA sobre eles, afinal MEUS OLHOS FORAM ABERTOS!

Não pensem, contudo, que sou ou serei uma das poucas pessoas a viverem essa experiência. Todos nós estamos aptos a viver este MILAGRE, embora uma grande maioria não DESEJE enxergá-lo. A relação com Deus exige, sobretudo, a VERDADE.

Amigos, por fim, peço que não confundam essa mensagem com fanatismo religioso. Quem me conhece sabe que de RELIGIOSA não tenho NADA! Também não pensem que ela visa referenciar nenhuma igreja, porque IGREJA, pra mim, NÃO é a instituição que o HOMEM criou. A IGREJA SOMOS NÓS! Nós somos o VERDADEIRO TEMPLO DE DEUS!

Se ao final dessa mensagem eu conseguir, por meio de palavras que, em verdade, ELE ESCREVEU, tocar, mesmo suavemente UM, apenas UM coração, essa mensagem estará completa. Afinal, saberemos que uma nova igreja estará sendo semeada e um novo ser humano construído. O mundo precisa disso e nossas famílias também, seja qual for nossa religião ou nossa congregação.

UM é um número que diz muito e pouco ao mesmo tempo:



“Se eu tentar seguir sozinha, ainda sim, serei uma nova pessoa.

Mas, porque não ser UM GRÃO NO MAR DE MILAGRES”.

Juliana Lovis

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