Páginas Vinculadas

Página específica para a 3ª edição do curso de especialização em Gestão Pública e Sociedade:

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

As Contradições do Processo de Autogestão no Capitalismo


As Contradições do Processo de Autogestão no Capitalimo: funcionalidade, resistência e emancipação pela economia solidária

Édi Augusto Benini, Universidade Federal do Tocantins – UFT
Elcio Gustavo Benini, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - UFMS




RESUMO:
O propósito deste trabalho é tecer algumas reflexões, referentes à questão da autogestão, no contexto do movimento da chamada “economia solidária”. Para tanto, o caminho aqui percorrido foi aquele que considera a realidade saturada de contradições e em constante transformação. Buscou-se ter como orientação epistemológica algumas categorias fundamentais, das quais se destacam: a perspectiva de totalidade, a centralidade do trabalho e a problemática da alienação. Observamos que a práxis, do movimento de trabalhadores em se associarem, é situada dentro da crise estrutural do capital, logo, tal movimento sugere duas perspectivas: como organizações funcionais ao sistema, logo, uma alternativa produtiva de geração de renda e de trabalho; e/ou como uma forma de resistência dos trabalhadores. Concluímos que, apesar da situação de funcionalidade, a lógica da acumulação, dos empreendimentos ditos “solidários”, esta situação não é um determinismo linear, mas sim um movimento de criar, continuamente, novos pontos de resistência, fruto das reiteradas tentativas de experimentar algum grau de autogestão no capitalismo, o que aponta para novas possibilidades históricas e políticas derivadas de uma consciência coletiva em construção.

Palavras-chave: Economia solidária. Autogestão. Alienação. Mudança social.


* Artigo publicado na revista Organizações & Sociedade, Vol. 17, Nº 55 (2010) no link: http://www.revistaoes.ufba.br/viewissue.php?

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sinais de "insustentabilidade"


De fato o tão comentado "desenvolvimento sustentável", a cada dia se demonstra como um modismo vazio e entorpecente.

Como modismo, a emoção atropela qualquer reflexão, vale mais frases de efeitos, propaganda, marketing e discursos inflamados, e quando menos esperamos, tudo mundo agora é verde, é ecológico, pois virou cult! A cada dia mais empresas aderem a chamada "gestão ambiental", ou ao selo verde, entre outros artefatos...

Entretanto, os vários sinais de insustentabilidade não cessam de aumentar, tais como:

- degelo nos pólos
- aumento do calor e diminuição de chuvas no Tocantins
- orçamentos da familias cada vez mais comprometidos com moradia e transportes (ver ultimo censo)
- custos crescentes com serviços de saúde (devido ao aparecimento de novas doenças, ou de uma vida menos sadia, ou da mercantilização de tratamentos, etc)
- aumento do assedio sobre os sistemas ecológicos (novo código florestas, grandes obras na região norte, etc)

E a lista segue... sem que se faça uma discussão, séria, das conexões e causas do agravamento deste quadro. Até quando vamos ficar iludidos e entorpecidos com fáceis promessas e explicações deturpadas? Ou será preciso ainda mais desastres e tragédias para se perceber os riscos que todos nós estamos envolvidos.

Mas a pior "insustentabilidade" é a política, pois a falta de informações, manipulação de dados, uso de questões, da maior gravidade, para auto-promoção, dificulta ou mesmo bloqueia a conscientização, tomada de posição, logo, organização política e elaboração coletiva de alternativas.

A quem serve essa confusão?


Prof. Édi A. Benini



sábado, 20 de novembro de 2010

PROFESSOR – UMA ESPÉCIE EM EXTINÇÃO


Por Verônica Dutenkefer

Esse texto que escrevo precisamente agora é mais um desabafo.

Desabafo de uma profissional que está lecionando há mais de 22 anos e que não sabe se sobreviverá por mais dez anos, que é o tempo que ainda precisará trabalhar (por mais que ame muito o que faz).

Trago comigo muitas perguntas que não querem calar. E talvez a mais inquietante seja: O que será necessário acontecer para se fazer uma reforma educacional neste país????

Constantemente, ouço ou leio reportagens com as autoridades educacionais proclamarem a má formação de seus professores. Culpando as universidades, a falta de cursos de formação e culpando-nos, evidentemente.

questionamentos:

Como um professor de escola pública pode fazer o seu trabalho se ele precisa ficar constantemente parando sua aula para separar a briga entre os alunos, socorrer seu aluno que foi ferido por outro aluno, planejar várias aulas para se trabalhar os bons hábitos, na tentativa vã de se formar cidadãos mais conscientes e de melhor caráter?

Nos cursos de formação nos é passado constantemente a recusa de um programa tradicional e conteudista, mas nossas avaliações de desempenho das escolas, nossos vestibulares e concursos públicos ainda são tradicionais e nos cobram o conteúdo de cada disciplina.

Como pode num país.....num estado...num município haver regras tão diferentes entre a rede particular e pública?

Na rede particular as escolas continuam conteudistas, há a seriação com reprovação, a escola pode suspender ou até mesmo expulsar um aluno que não esteja respeitando as regras daquela instituição.

A rede pública vive mudando o enfoque pedagógico (de acordo com o partido que ganhou as eleições), é cobrado cada vez menos do aluno, não se pode fazer absolutamente nada com um aluno indisciplinado que até mesmo coloca em risco a segurança de outros alunos e funcionários daquela instituição..

Dia a dia...minuto a minuto... os professores são alvos de agressões verbais e até mesmo físicas pelos alunos. A cada dia somos submetidos a níveis de stress insuportáveis para um ser humano.

Temos que dar conta do conteúdo a ser ensinado + sermos responsáveis pela segurança física de nossos alunos + sermos médicos + enfermeiros + psicólogos + assistentes sociais + dentistas + psiquiatras + mãe + pai ......

E, quando ameaçados de morte, se recorremos a uma delegacia pra fazer um boletim de ocorrência ouvimos: “Isto não vai adiantar nada!”

Meus bons alunos presenciam o mal aluno fazendo tudo o que não pode ser feito e não acontecendo nada com ele. É o exemplo da impunidade desde a infância...

Meus bons alunos presenciam que o aluno que não fez absolutamente nada durante o ano, passou de ano como ele, que se esforçou e foi responsável.

Houve um ano que eu tinha um aluno que era muito bom. E ele começou a faltar muito e ir mal na escola. Os colegas diziam que ele ficava empinando pipa ao invés de ir pra escola. Um dia, tive uma conversa com ele, e perguntei o que estava acontecendo? E ele me disse: “Prá que eu vou vir prá escola se eu vou passar de ano mesmo assim?”

Então eu procurei aconselhar (como faço com meus alunos até hoje) que ele devia frequentar a escola, não para tirar notas boas nas provas ou passar de ano. Ele deveria vir à escola para aumentar seu conhecimento que é o único bem que ninguém poderá roubar.Que a escola iria ajudá-lo a aprender e trocar conhecimentos com os outros e ajudá-lo a dar uma melhor formação na vida..

Depois dessa conversa ele não faltou mais tanto...mas nunca mais voltou a ser o excelente aluno que era.

Qual a motivação de ser bom aluno hoje em dia?

Seus ídolos são jogadores de futebol que não falam o português corretamente e que não hesitam em agredir seus colegas jogadores e até mesmo os árbitros. Ensinando que não é necessário haver respeito às autoridades e aos outros.

Ou são dançarinas que mostram seu corpo rebolando na televisão e posando nuas para ganhar dinheiro.

Para quê eu me matar de estudar se há tantas profissões que não são valorizados e nem respeitadas? ??

Conheci (e ainda conheço e convivo) ao longo de minha carreira na escola pública, inúmeros profissionais maravilhosos. Pessoas que amam a sua profissão, que se preocupam com seus alunos, que fazem trabalhos excepcionais. Que possuem um conhecimento e formação excelentes, mas que estão desgastados e quase arrasados diante da atual situação educacional.

Li, há poucos dias, num artigo que os cursos de filosofia, matemática, química, biologia e outros todos ligados à área de magistério não estão tendo procura nas universidades.

Lógico!!!!!Quem é que quer ser professor??? ??????

Quem é que quer entrar numa carreira que está sendo extinta, não só pela total desvalorização e respeito, mas também pela falta de segurança que estamos enfrentando nas escolas?

Fiquei indignada com uma reportagem na TV (que aliás adora fazer reportagens sensacionalistas colocando o professor sempre como vilão da história) em que relatava que numa escola um aluno ameaçava os outros com um revólver e, num determinado momento, o repórter perguntou:”Onde estava o professor que não viu isso??!!”

E agora eu pergunto: “O que se espera de um professor (ou de qualquer ser humano), que se faça com uma arma apontada pra você ou pra outro ser humano??? Ah...já sei...o professor deveria enfrentar as balas do revólver!!!! Claro!!! As universidades e os cursos de aperfeiçoamento de professores não estão nos ensinando isso..

Vocês tem conhecimento de como os professores de nosso país estão adoecendo??? ?

Vocês sabem o que é enfrentar o stress que a violência moral e física tem nos submetido dia a dia?

Você sabe o que é ouvir de um pai frases assim:

“Meu filho mentiu, mas ele é apenas uma criança!”

“Eu não sei mais o que fazer com o meu filho!”

“Você está passando muita lição para meu filho, e ele é apenas uma criança!”

“Ele agrediu o coleguinha, mas não foi ele quem começou.”

“Meu filho destruiu a escola, mas não fez isso sozinho!”

Classes super lotadas, falta de material pedagógico, espaço físico destruído, violência, desperdício de merenda, desperdício de material escolar que eles recebem e, muitas vezes, não valorizam (afinal eles não precisam fazer absolutamente nada para merecê-los), brigas por causa do “Leve-leite” (o aluno não pode faltar muito, não por que isso prejudica sua aprendizagem, mas porque senão ele não leva o leite.)

Regras educacionais dissonantes de acordo com a classe social dos alunos.

Impunidade.

Mas a educação não vai bem, por causa do professor..

Encerro esse desabafo com essa pergunta que li há poucos dias:

Essa pergunta foi a vencedora em um congresso sobre vida sustentável.

"Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"


O BOM NESTE PAÍS É SER POLITICO. APOSENTA-SE COM 8 ANOS DE "TRABALHO(?) ", E QUE SALÁRIO!!! (sem contar que não precisa grande formação acadêmica pra isto, infelizmente...)


PROFESSOR – UMA ESPÉCIE EM EXTINÇÃO


Por Verônica Dutenkefer

Esse texto que escrevo precisamente agora é mais um desabafo.

Desabafo de uma profissional que está lecionando há mais de 22 anos e que não sabe se sobreviverá por mais dez anos, que é o tempo que ainda precisará trabalhar (por mais que ame muito o que faz).

Trago comigo muitas perguntas que não querem calar. E talvez a mais inquietante seja: O que será necessário acontecer para se fazer uma reforma educacional neste país????

Constantemente, ouço ou leio reportagens com as autoridades educacionais proclamarem a má formação de seus professores. Culpando as universidades, a falta de cursos de formação e culpando-nos, evidentemente.

questionamentos:

Como um professor de escola pública pode fazer o seu trabalho se ele precisa ficar constantemente parando sua aula para separar a briga entre os alunos, socorrer seu aluno que foi ferido por outro aluno, planejar várias aulas para se trabalhar os bons hábitos, na tentativa vã de se formar cidadãos mais conscientes e de melhor caráter?

Nos cursos de formação nos é passado constantemente a recusa de um programa tradicional e conteudista, mas nossas avaliações de desempenho das escolas, nossos vestibulares e concursos públicos ainda são tradicionais e nos cobram o conteúdo de cada disciplina.

Como pode num país.....num estado...num município haver regras tão diferentes entre a rede particular e pública?

Na rede particular as escolas continuam conteudistas, há a seriação com reprovação, a escola pode suspender ou até mesmo expulsar um aluno que não esteja respeitando as regras daquela instituição.

A rede pública vive mudando o enfoque pedagógico (de acordo com o partido que ganhou as eleições), é cobrado cada vez menos do aluno, não se pode fazer absolutamente nada com um aluno indisciplinado que até mesmo coloca em risco a segurança de outros alunos e funcionários daquela instituição..

Dia a dia...minuto a minuto... os professores são alvos de agressões verbais e até mesmo físicas pelos alunos. A cada dia somos submetidos a níveis de stress insuportáveis para um ser humano.

Temos que dar conta do conteúdo a ser ensinado + sermos responsáveis pela segurança física de nossos alunos + sermos médicos + enfermeiros + psicólogos + assistentes sociais + dentistas + psiquiatras + mãe + pai ......

E, quando ameaçados de morte, se recorremos a uma delegacia pra fazer um boletim de ocorrência ouvimos: “Isto não vai adiantar nada!”

Meus bons alunos presenciam o mal aluno fazendo tudo o que não pode ser feito e não acontecendo nada com ele. É o exemplo da impunidade desde a infância...

Meus bons alunos presenciam que o aluno que não fez absolutamente nada durante o ano, passou de ano como ele, que se esforçou e foi responsável.

Houve um ano que eu tinha um aluno que era muito bom. E ele começou a faltar muito e ir mal na escola. Os colegas diziam que ele ficava empinando pipa ao invés de ir pra escola. Um dia, tive uma conversa com ele, e perguntei o que estava acontecendo? E ele me disse: “Prá que eu vou vir prá escola se eu vou passar de ano mesmo assim?”

Então eu procurei aconselhar (como faço com meus alunos até hoje) que ele devia frequentar a escola, não para tirar notas boas nas provas ou passar de ano. Ele deveria vir à escola para aumentar seu conhecimento que é o único bem que ninguém poderá roubar.Que a escola iria ajudá-lo a aprender e trocar conhecimentos com os outros e ajudá-lo a dar uma melhor formação na vida..

Depois dessa conversa ele não faltou mais tanto...mas nunca mais voltou a ser o excelente aluno que era.

Qual a motivação de ser bom aluno hoje em dia?

Seus ídolos são jogadores de futebol que não falam o português corretamente e que não hesitam em agredir seus colegas jogadores e até mesmo os árbitros. Ensinando que não é necessário haver respeito às autoridades e aos outros.

Ou são dançarinas que mostram seu corpo rebolando na televisão e posando nuas para ganhar dinheiro.

Para quê eu me matar de estudar se há tantas profissões que não são valorizados e nem respeitadas? ??

Conheci (e ainda conheço e convivo) ao longo de minha carreira na escola pública, inúmeros profissionais maravilhosos. Pessoas que amam a sua profissão, que se preocupam com seus alunos, que fazem trabalhos excepcionais. Que possuem um conhecimento e formação excelentes, mas que estão desgastados e quase arrasados diante da atual situação educacional.

Li, há poucos dias, num artigo que os cursos de filosofia, matemática, química, biologia e outros todos ligados à área de magistério não estão tendo procura nas universidades.

Lógico!!!!!Quem é que quer ser professor??? ??????

Quem é que quer entrar numa carreira que está sendo extinta, não só pela total desvalorização e respeito, mas também pela falta de segurança que estamos enfrentando nas escolas?

Fiquei indignada com uma reportagem na TV (que aliás adora fazer reportagens sensacionalistas colocando o professor sempre como vilão da história) em que relatava que numa escola um aluno ameaçava os outros com um revólver e, num determinado momento, o repórter perguntou:”Onde estava o professor que não viu isso??!!”

E agora eu pergunto: “O que se espera de um professor (ou de qualquer ser humano), que se faça com uma arma apontada pra você ou pra outro ser humano??? Ah...já sei...o professor deveria enfrentar as balas do revólver!!!! Claro!!! As universidades e os cursos de aperfeiçoamento de professores não estão nos ensinando isso..

Vocês tem conhecimento de como os professores de nosso país estão adoecendo??? ?

Vocês sabem o que é enfrentar o stress que a violência moral e física tem nos submetido dia a dia?

Você sabe o que é ouvir de um pai frases assim:

“Meu filho mentiu, mas ele é apenas uma criança!”

“Eu não sei mais o que fazer com o meu filho!”

“Você está passando muita lição para meu filho, e ele é apenas uma criança!”

“Ele agrediu o coleguinha, mas não foi ele quem começou.”

“Meu filho destruiu a escola, mas não fez isso sozinho!”

Classes super lotadas, falta de material pedagógico, espaço físico destruído, violência, desperdício de merenda, desperdício de material escolar que eles recebem e, muitas vezes, não valorizam (afinal eles não precisam fazer absolutamente nada para merecê-los), brigas por causa do “Leve-leite” (o aluno não pode faltar muito, não por que isso prejudica sua aprendizagem, mas porque senão ele não leva o leite.)

Regras educacionais dissonantes de acordo com a classe social dos alunos.

Impunidade.

Mas a educação não vai bem, por causa do professor..

Encerro esse desabafo com essa pergunta que li há poucos dias:

Essa pergunta foi a vencedora em um congresso sobre vida sustentável.

"Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"


O BOM NESTE PAÍS É SER POLITICO. APOSENTA-SE COM 8 ANOS DE "TRABALHO(?) ", E QUE SALÁRIO!!! (sem contar que não precisa grande formação acadêmica pra isto, infelizmente...)


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

PRIVATIZAÇÃO, SOFRIMENTO E SUICÍDIOS NO TRABALHO: A violência invisível

Como dissemos no artigo anterior a Cia. Vale do Rio Doce foi privatizada por FHC em 1997. Hoje é a segunda maior mineradora do mundo, atua em 30 países com um conglomerado que reúne cerca de 60 empresas e 150 mil operários. Mas, além de destruir o meio ambiente, tem invadido e expulsado trabalhadores das suas terras na Indonésia, no Maranhão e em outros lugares. Afirmamos também que a situação dos “bóias-frias”, que podam mais de 8 toneladas de cana/dia na próspera Califórnia Brasileira, não melhorou com a democracia. Os que não morrem de superdose de trabalho (mais-valia absoluta), sem reposição de energia e de potássio, estão “felizes” com seus celulares, DVDs etc. Como estão as condições de trabalho na França? Melhores do que no Brasil? O Movimento de Jovens Comunistas da França (MJCF) tem mobilizado politicamente a juventude contra o neoliberalismo, contra as perdas de direitos trabalhistas e sociais. A juventude que luta nas ruas e nos colégios diz ( para além da reforma na aposentadoria) o que está em jogo é a questão da escolha de sociedade: individualista/competitiva ou solidária? Participei, recentemente, do “Seminário Internacional de Educação e Trabalho” na Universidade Estadual de Campinas, S. P., e aprendi com a pesquisadora francesa Daniéle Linhart que a precarização subjetiva tem sido uma das causas dos altos índices de suicídios no trabalho na França. Durante as passeatas que acontecem nas ruas ouve-se: “não suportamos mais trabalhar”. Isto é, o nível de exploração da mais-valia pelo capitalismo histórico tornou-se brutal e mortal. Diz C. Dejours que o trabalho não significa unicamente alienação, pois é uma atividade humana fundamental. Atrás da crise atual, provocada pelo aumento da precarização objetiva e subjetiva do trabalho, esconde-se uma crise de identidade humana. O ser humano pode realizar-se no trabalho assim como no amor, ou seja, constituir e reconstituir sua identidade. Mas a gestão capitalista repousa na ameaça ininterrupta à subjetividade dos assalariados. Até escolas, universidades e hospitais do estado têm utilizado a lógica produtivista do capital tais como a terceirização e a gestão de pessoas por meio do medo (flexploração), estas mudanças engendram uma nova forma de sofrimento, o sofrimento ético. Muitos gestores e colegas de trabalho comprometem-se com a banalização da injustiça social. A onda de suicídios leva a França a discutir a perversa cultura da privatização da economia. Após os 25 suicídios de funcionários e 15 tentativas na France Télécom, em apenas 20 meses, o governo fixou um prazo para que as empresas adotem medidas contra o estresse. Lembremos que a Télécon foi privatizada em 2004, as políticas comerciais agressivas baseadas na rentabilidade e nas vendas destruíram a identidade de caráter público dos funcionários. A juventude do MJCF diz que luta contra os “ DESTRUIDORES DO FUTURO”.

Felipe Luiz Gomes e Silva. felipeluizgomes@terra.com.br

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Governo do Tocantins reduz jornada de trabalho dos servidores públicos

A princípio desconheço as razões e justificativas para tal medida, por parte do nosso governo estadual.

Entretanto podemos discutir seus efeitos possíveis e impactos não apenas sobre o serviço público, como também sobre toda a sociedade tocantinense.

Talvez a preocupação inicial de todos nós, cidadão, diz respeito se a oferta de serviços públicos irá diminuir, ou ficará ainda mais aquém do desejável, prejudicando os que precisam de educação, saúde, assistência social como serviços públicos e que sejam disponíveis na qualidade e qualidade necessários.

Primeiro vale ressaltar que o papel, ou se desejarem a função, do setor público, não diz respeito apenas a oferta de serviços numa base de direitos e cidadania, ou seja, a negação da sua mercantilização, mas sobretudo, a própria estruturação do tipo de sociedade na qual vivemos, nas relações de trabalho, relações sociais, direitos e condições de vida.

Nesse ponto, uma redução da jornada de trabalho no serviço público pode impactar, positivamente, em vários pontos da nossa vida cotidiana. Por exemplo, se for bem distribuído os horários, teremos um fluxo menor de veículos nas ruas, evitando custos com combustível, poluição, pontos de estrangulamento nas vias, acidentes e os custos com saúde públicos derivados disso, só para citar alguns pontos mais evidentes.

Com um pouco mais de tempo livre, os servidores podem dedicar-se mais a família, a educação dos filhos, atividades de lazer, entretenimento, ou seja, uma vida mais rica em abundância e nos relacionamentos.

Por fim, quanto a oferta de serviços públicos, estes não necessariamente podem cair de qualidade, mas ao contrário, pode-se ganhar maior eficiência e produtividade, ao se evitar ciclos ou jornadas longas e extenuantes de trabalho, como pode-se ainda, ao se ter espaço, por exemplo, para um professor “pensar” na sua aula, ou para um médico “meditar” sobre alternativas de tratamento, melhorar a qualidade do trabalho.

Talvez no curto prazo, em relação a quantidade de serviços ofertados, seja necessário um novo arranjo, ou mesmo, a contratação de novos servidores. Mas os ganhos de qualidade, de efetividade, se bem planejados, podem, por si só, além de reduzir a demanda, evitar retornos ou retrabalhos, e gerar novos benefícios para a população, e até fomentar uma melhor dinâmica econômica. Isso porque no setor público, não se pode avaliar isoladamente um órgão ou serviço, mas sim os ganhos que o conjunto pode disponibilizar para a coletividade.

Prof. Édi Augusto Benini

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Convite para Debate SÁBADO na UFT: O Fetiche da tecnologia

Devido a falta de energia, o debate foi re-marcado para, sábado, 23/10, às 16:30


Convite aberto a todos (favor repassar)

Debate: O Fetiche da Tecnologia
Com o pesquisador da Unicamp, Dr. Henrique Novaes e o professor da UFT, Msc. André de Oliveira
Auditório do Bloco C, às 16:30, dia 23/10

Realização
Curso de especialização em Gestão Pública e Sociedade

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

FELIZMENTE A GERÊNCIA TAYLORISTA É COISA DO PASSADO...

Frederick. Winslow. Taylor (1856-1915) é conhecido como um dos pioneiros da Gerência Científica. Com o objetivo de "racionalizar" o processo produtivo e aumentar a produtividade do trabalho manual ele desenvolveu o estudo dos movimentos elementares realizados pelos operários. A finalidade da “análise científica” era eliminar todos os gestos físicos considerados supérfluos à reprodução do capital, isto é, condensar os poros da jornada de trabalho ao máximo. A ciência do trabalho deveria determinar a “única maneira de executar as tarefas” (one best way) e, desta forma, a produção padrão, o que alguns engenheiros chamavam de “o dia ótimo do trabalho”. Para F. Taylor todo trabalho cerebral ou criativo deveria ser banido do chão da fábrica e todas as tarefas prescritas pelo Departamento de Organização e Métodos ou de Produção. A "racionalização" taylorista do trabalho demandava um complexo aparato burocrático, isto é, uma estrutura organizacional comprometida com o cálculo rigoroso do tempo do trabalho humano. O pré-cálculo dos gestos manuais era necessário ao estabelecimento dos tempos padrões. Para que a eficiência do trabalho não declinasse com a fadiga fisiológica o “método científico” estabelecia intervalos de descanso, aplicava-se a famosa Lei da Fadiga. Uma beleza! E para estimular a boa conduta operária o incentivo monetário deveria estar relacionado ao rendimento do trabalho individual e a supervisão da classe proletária cerrada, rigorosa. A máxima do taylorismo era: quanto maior a divisão do trabalho, maior a eficiência e a produtividade. Para este pesquisador a pobreza material estava relacionada ao desperdício de tempo causado por movimentos físicos ineficientes. Em resumo, “a ciência do trabalho” pretendia transformar o homem em uma perfeita máquina e salvar a humanidade da pobreza. Por exemplo, quando esta “ciência” foi aplicada na tarefa de assentar tijolos, dos 18 movimentos físicos realizados pelos operários 14 foram eliminados, isto significou que quatro gestos manuais passaram a compor “o dia ótimo de trabalho”. Para o pesquisador H. Braverman (1982), o taylorismo era uma técnica social de controle que degradava e oprimia a classe obreira. Segundo Simone Weil (1937), o método taylorista era necessariamente opressor, ou seja, era incompatível com qualquer projeto de emancipação e dignidade humana. Durante a escravidão negra o Brasil foi muito competente em “gastar gente” (Darcy Ribeiro). Felizmente isto é coisa do passado. Não é? Faço duas perguntas: quando o cortador de cana poda cerca de 8 toneladas os administradores aplicam a Lei da Fadiga, isto é, os intervalos de descanso. E as operárias de telemarketing que precisam ficar atentas ao tempo médio operacional (TMO) de 29 segundos? Elas têm quantos minutos para refeição e para o descanso? Dizem que no Brasil a classe obreira não é tratada como queria o Senhor F. Taylor, ou seja, como uma máquina. Nós já vivemos na sociedade do conhecimento e do trabalho qualificado. É bom saber! Não é? {Publicado no Jornal Primeira Página de São Carlos - Opinião p.A2- 2010}.

Felipe Luiz Gomes e Silva – felipeluizgomes@terra.com.br

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A experiência da auditoria da divida pública e a tentativa de golpe

Caros, sem uma auditória da divida pública no Brasil, mais de 30% das receitas da União deixarão de ir para escolas, hospitais, estradas, pesquisa, etc..

Vejam essa importante matéria:

Equador Soberano: A experiência da Auditoria Oficial da Dívida Pública equatoriana e a recente tentativa de golpe de Estado

Por Maria Lucia Fattorelli, Coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida

domingo, 10 de outubro de 2010

Autogestão Versus Co-Gestão

AUTOGESTÃO VERSUS CO-GESTÃO.

Dividir para reinar.

Diante dos avanços da ideologia da co-gestão é importante lembrar o pensamento do professor Maurício Tragtenberg (1919- 1998) sobre autogestão social. Segundo M. Tragtenberg autogestão social e socialismo são termos que se confundem, não é possível pensar em emancipação da classe obreira dissociada das lutas proletárias contra a opressão do Estado e do capital. Em "Administração Poder e Ideologia" (1980), Tragtenberg demonstra como as ideologias gerenciais participacionistas manipulam a classe obreira para criar o “escravo contente”. Autogestão social (associação livre dos trabalhadores) significa a destruição do poder político e a construção de uma sociedade sem classes, ou seja, comunista. Não tem nada a ver com co-gestão e outras formas de cooptação e divisão da classe obreira pelo Estado e/ou empresas privadas. Portanto autogestão social não significa arranjos organizacionais “incubados” fora do processo de luta de classes, isto é, distante do conflito real contra a exploração capitalista. Assim como o capital apropria-se das experiências das cooperativas da classe obreira avança na (re) significação do conceito histórico "autogestão social”. Vários outros conceitos também estão sendo banalizados e utilizados contra a própria classe proletária: cidadania, solidariedade de classe etc. Não devemos confundir a ideologia do “empoderamento proativo local” com a luta por autogestão social. Diz o professor Maurício em "Reflexões sobre o Socialismo" (1986): "À medida que a luta operária se desenvolve cria estruturas igualitárias de ação coletiva que entram em antagonismo direto com as relações sociais existentes na sociedade capitalista. A classe trabalhadora cria os embriões do socialismo pela prática da ação direta contra o capital unificando decisão e planejamento e eliminando a divisão tradicional de trabalho entre os que pensam e os que fazem, entre os dirigentes e os dirigidos. Essa é uma tendência que aparece nos momentos decisivos da luta concreta dos trabalhadores: na Comuna de Paris (1871), na Revolução Russa (1917), nas revoluções alemã e húngara (1918), na Guerra Civil Espanhola (1936 - 1939) e no Movimento de Maio de 1968(Europa). Nas lutas os operárias (os) formam Comissões de Fábricas e Conselhos que visam autogerir a vida econômica, política e social. Como definiu a Associação Internacional dos Trabalhadores (28/09/1864), a libertação dos trabalhadores deve ser obra dos próprios trabalhadores (p.5,6).” A classe proletária não luta por delegação caso contrário será manipulada por minorias vanguardistas e/ou por oportunistas da política profissional. Tive a oportunidade de escutar um jovem proletário negro dizer: “Estamos cansados de ver ONGs com pobres na cabeça e edital nas mãos”! Ainda há jovens que não perderam a leitura crítica da realidade. Conheçam as lutas em Chiapas, Morelos e Oaxaca sítio: www.espora.org/jra-


Felipe Luiz Gomes e Silva (felipeluizgomes@terra.com.br)