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Página específica para a 3ª edição do curso de especialização em Gestão Pública e Sociedade:

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

UMA IDÉIA BÁRBARA

Por Edileusa Pereira Martins
especializando em Gestão Pública e sociedade

Milionário dará mala de dinheiro por ideia para "salvar" economia

“O australiano Dick Smith anunciou nesta quarta-feira um prêmio de 1 milhão de dólares australianos (cerca de US$ 904 mil) ao jovem que tiver a melhor ideia para "salvar" a economia global do crescimento exponencial do consumo. O fundador da rede Dick Smith Electronics acredita que os recursos finitos do planeta não darão conta do aumento populacional e, se nada for feito, a sociedade entrará em colapso.

Esta foi uma manchete publicada no site da terra, no dia 11/08/2010 e chamou-me bastante atenção pelo inusitado da proposta. Não pretendo me colocar como candidata ao referido prêmio,(diga-se de passagem), mas apenas fazer algumas indagações sobre a idéia do nobre milionário. Não é preciso ser cientista social, para sabermos que o atual modelo de produção de riquezas, já dar fortes indícios de esgotamento. Os atuais problemas que cercam o mundo: fome, crise enérgetica, falta de água, epidemias, violência, poluição, perda de biodiversidade, nos impõem a necessidade imediata e irreversível da mudança de pensamentos e atitudes, para que tais realidades sejam revertidas. Até que ponto um modelo econômico pode produzir na mesma proporção a riqueza, a pobreza, a miséria e ainda destruir os recursos naturais, sem o menor remorso? Não é atoa que Marx afirmava que o capitalismo trazia dentro de si o seu próprio germe de destruição. Basta um rápido olhar pela História para percebermos que os Sistemas de Produção (escravismo, servidão, capitalismo) já existentes na história das Civilizações, passaram por várias etapas características de início, meio e fim. Precisamos de novos paradgmas, novas diretrizes que orientem a centralidade das ações humanas. A proposta do excêntrico milionário citado anteriormente, é interessante no sentido de nos mostrar que estamos vivendo também um período de escassez de idéias. O grande manacial que brotou no mundo civilizado durante todo o século das luzes (XIX) e alimentou várias correntes filóficas (Positivismo, Estruturalismo, Materialismo Histórico, Fenomenologia), parece ter expirado com as lutas ideológicas da geração dos anos 60 e o fim da Guerra Fria no final dos anos 80 (Queda do Muro de Berlim em 89).

Será o fim da história, como afirma alguns historiadores? O fato é que vivemos sob o domímio de uma das piores e cruéis ditaduras de todos os tempos: a do consumo Fomos irremiavelmente seduzidos pelas milhares artimanhas do materialismo. Não seria tarefa fácil, querer que os homens renunciassem ao seu egoísmo, ao seu áspero agarramento aos bens materiais. Seria impensável hoje, para um adolescente não querer ter a vida de um Ronaldo Fenômeno ou de uma Gisele Binchen. Desde o mais rico empresário capitalista ao mais simples trabalhador, todos estamos contaminados pelo vírus do individualismo. O modelo econômico impõe através das várias teorias da Administração a idéia da competitividade predatória. Ótima, Excelente é a empresa que supera anualmente o seu faturamento, não importa os meios que venha a utilizar para isso. Esses dias estava lendo um artigo de um jornalista falando sobre as fazendas no Pará que estão no ranking nacional de exportação de carne, mas que também mantém trabalhadores em situação análoga ao trabalho escravo.

Se por um lado a Economia nos impõe a divisão, a competititividade, do outro lado, graças a Deus está a Política nos convidando à união, à solidariedade, à coesão, para a finalidade grandiosa do bem comum. Como sabemos, a História não dar saltos, toda mudança é fruto de um processo longo e demorado. A ética e a moral estão fadadas a evoluir, assim como a ciência e a tecnologia. Até alcançarmos o ideal de Política, concebido pelos filósofos clássicos teremos ainda que suarmos muito a camisa. Legalmente, já conquistamos o advento da Democracia (Constituição de 1988). O que não passava de Utopia há alguns anos atrás hoje já é uma realidade, ainda só no papel, mas já é uma grandiosa conquista.

É interesse de todos vivermos num mundo melhor, sem a violência das desigualdades sociais, onde todos pudéssemos ter acesso de forma digna aos mais básicos direitos sociais, como emprego, moradia, educação, saúde, lazer, enfim à verdadeira cidadania. Legalmente, já conquistamos o advento da Democracia, (Constituição de 1988), o que não passava de uma Utopia há alguns anos atrás.

O que falta a nós talvez não seja a instauração de uma nova idéia que vá salvar a humanidade da explosão do consumo. O que nos falta todos já sabemos intuitivamente, mas não temos coragem de colocarmos em prática. O que falta para o mundo é colocarmos freio no nosso egoísmo e em todos os nossos baixos instintos que travam o progresso social e vivenciarmos o sentimento elevado da justiça e da solidariedade. Precisamos fazer uma reciclagem entre os orgãos que conduzem a vida. O cerébro precisa dar mais espaço ao coração, pois é lá a morada do sentimento. Enquanto o homem não reconhecer o alcance de seus atos e sua repercussão sobre o seu destino, não haverá melhorias duráveis na sorte da Humanidade. O problema social é antes de tudo um problema moral. O homem será desgraçado enquanto for mau. Mas à medida que este for adquirindo a consciência de que não somos indivíduos separados e isolados e sim somos uma unidade, interligados, totalmente conectados. E esta consciência é o alicerce de todas as virtudes. Quando eu sei, que o que estou fazendo ao outro, estou fazendo a mim mesmo, inevitavelmente estarei fazendo o melhor bem possível a todos. Mas, se ignoro esta realidade, estou iludido em meu egoísmo, agindo maleficamente com o outro, por não perceber que somos células de um só corpo.



Um comentário:

  1. Artigo muito interessante... qual seria hoje o espaço para novas idéias, diante de tanta banalidade e inércia das lutas emancipatórias?

    Prof. Édi Benini

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