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Página específica para a 3ª edição do curso de especialização em Gestão Pública e Sociedade:

sábado, 18 de setembro de 2010

PROJETO BABAÇU: CONSQUISTAS E DESAFIOS PARA A COMERCIALIZAÇÃO

Por Patricia de Oliveira Ribeiro
especializanda em Gestão Pública e Sociedade




O Projeto Babaçu trata-se de uma parceria da Petrobras e da Secretaria
do Trabalho e Desenvolvimento Social de apoio e fomento aos pequenos
agricultores rurais da região do Bico do Papagaio e propõe a promoção
do desenvolvimento social e econômico dessas famílias através do
fortalecimento da cadeia extrativista do coco de babaçu em 11
municípios da Região do Bico do Papagaio no Estado do Tocantins.

As Ações estratégicas do Projeto buscam ampliar e melhorar as
condições de trabalho e garantir recursos que impulsionem a atividade
comercial e social de famílias organizadas em torno da ASMUBIP -
Associação Regional das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do
Papagaio. As mulheres beneficiárias do projeto coletam o coco,
retiram a amêndoa, o mesocarpo, produzem o carvão e ainda extraem o
azeite de babaçu. Essa produção e adquirida pela ASMUBIP com recursos
que foram repassados pela Petrobras através do projeto.

Esses produtos são adquiridos in natura sem um processamento
industrial em embalagens primarias e sem rótulos. Esse processo é
feito pela associação nas unidades de extração de mesocarpo e de óleo.
O galpão de armazenamento de amêndoas possui uma capacidade de 50 mil
quilos uma prensa de extração de óleo, e seis decantadores. A amêndoa
adquirida das quebradeiras é paga um preço de R$ 1,20 reais o quilo
depois de recolhida essa amêndoa passa pelo processamento de extração
e é vendida para indústrias de sabão, cosméticos e biodiesel ao preço
de R$ 6,00 o litro. A torta que é o resíduo da extração do óleo é
vendida para indústrias de ração animal e adubo.

O carvão é retirado da parte mais interna do coco que é chamada de
epicarpo e também das cascas. Cada quebradeira de coco queima o carvão
em carvoeiros artesanais no fundo de suas casas nas comunidades, e
revende para atravessadores e também para a associação, que empacota o
carvão em embalagens de papel com a logomarca da ASMUBIP.

O mesocarpo é extraído da parte mais interna do coco, e é retirado
pelas mulheres e homens com golpes de marretas até soltar a massa fofa
que fica em torno do coco de babaçu. Esses flocos de mesocarpo são
desidratados à sombra e depois vendidos a um preço de R$ 3,50 o quilo.
Esses flocos chegam à associação em sacos de linhagem e são
armazenados até passarem pelo processo de refino. Depois são embalados
e vendidos para o comércio local e escolas. Muito utilizado na
produção de bolos, mingaus e vitaminas. A casa de extração de
mesocarpo possui uma capacidade de 100 mil quilos de produto por mês.

A coleta e extração dos produtos do babaçu não é um entrave na cadeia
do extrativismo do babaçu, existem milhares de famílias que
complementam a renda familiar com essa produção. A coleta de coco é
feita na forma de mutirão pelas quebradeiras e sua família durante o
dia todo no cocal. A coleta e feita em jacás e o transporte é
realizado de jegue. As mulheres quebram o coco e os homens cuidam da
roça e dos animais de leite.

Uma dificuldade encontrada para a comercialização é a retirada das
documentações necessárias para venda dos produtos em grande
quantidade. Para a comercialização do mesocarpo de babaçu é necessária
a DAP (declaração de aptidão ao Pronaf) onde a quebradeira tem que
possuir um terreno em seu nome. Esse documento dificulta e
impossibilita a comercialização, pois a maioria das quebradeiras não
possui terras e coletam o coco nas propriedades dos grandes
fazendeiros.

Apesar dos incentivos governamentais e privados para a sobrevivência
do extrativismo vegetal de babaçu, e a existência de produção e
mercado para esses produtos, as documentações e exigências para sua
comercialização e inserção na merenda escolar ainda entravam o sucesso
de projetos para pequenos agricultores familiares.

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