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Página específica para a 3ª edição do curso de especialização em Gestão Pública e Sociedade:

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Na busca por um país mais justo por meio de políticas públicas, caminham as mulheres entre detritos da idade da pedra e afrontamento do Século XXI.

Millena Nogueira Rego
Especializanda em Gestão Pública e Sociedade - UFT.



As desigualdades entre homens e mulheres foram construídas, historicamente, criando normas, costumes e praticas, reforçando atitudes e comportamentos socialmente vividos numa cultura machista, patriarcal, racista e homofóbica, que precisam ser transformadas com a construção de novos valores que incluam respeito às diferenças e valorizem as relações de igualdade de oportunidade entre os seres humanos.

Têm maridos e namorados que acreditam na violência física para se estabelecer; o patrão ainda paga menos pelo mesmo trabalho que fazemos, e nada acompanha o seu cetro de rainha do lar, a não ser um trabalho infindável, desvalorizado e sem visibilidade. Por outro lado, questões novas exigem nossa urgente atuação, para preservar as condições necessárias à vida e à justiça social em nossa espécie, em nosso planeta.

Em que modelo de sociedade cabe a efetiva equidade entre os gêneros? Pagaremos nós, com mais trabalho, o preço pelos efeitos da crise econômica de que se fala? Continuaremos estimuladas a plantar e consumir transgênicos, agrotóxicos e gordura trans para preservar a crocância dos biscoitos, às custas da saúde de nossos filhos? Continuaremos alienadas do processo de decisão e representação política equitativa? Como agiremos para não nos limitar a cuidar das doenças resultantes dos desequilíbrios ambientais, provocados pela atitude voraz e devastadora de quem só pensa em concentrar renda?

Momentos históricos percorrem a História e nos mostram o caminho. A batalha pelo direito à educação. Pelo direito ao voto. Pelo controle do próprio corpo – que já se concedeu ao abolir a escravidão, mas que ainda se nega às mulheres.

Olympes de Gouges morreu no cadafalso, em plena revolução francesa, por defender os direitos das mulheres. Operárias têxteis morreram reivindicando jornada e salário decentes. Outras contabilizaram vitórias. Revolucionárias e figuras históricas levantaram reivindicações, datas, marcos. Mulheres anônimas marcharam batendo em panelas vazias, empurrando e sustentando grevistas, iniciando ou engrossando a greve, a anistia, a manifestação, a democratização, a reivindicação. Textos, artigos, depoimentos, cursos, programas de rádio e TV, muita tinta, muitas idéias, muito papel, muitas formas, mas queremos mais.

Queremos mais espaço nas decisões de nossa sociedade, na política, na crença, na emancipação e autonomia das mulheres que caminha junto com a luta por relações igualitárias entre homens e mulheres.
Hoje se percebe que o desenvolvimento político, social, econômico e cultural em nosso país passa necessariamente pela valorização da mulher e pelos respeito aos nossos direitos, por isso se faz necessário debater questões que ainda representam ameaças à nossa condição, como a violência doméstica, a dupla jornada de trabalho, a desigualdade salarial entre homens e mulheres, entre outros.

Se faz necessário a criação de políticas públicas direcionadas ao público feminino que no cenário atual é quem mais precisa de atenção por parte daqueles que estão no poder de decisão, e que pouco se interessam por esta maioria em números, mas uma minoria em ter nas mãos poder para decidir e que sofre com o descaso de nossos governantes, políticas públicas estas que devem sair do papel, como é o caso da Lei Maria da Penha que veio para atender a um público desprovido, mas que na prática pouco tem sido sua efetividade, por não haver interesse para uma mudança do cenário atual.

Entre a Idade da Pedra e o Século XXI, já descobrimos que somos capazes de fazer tudo – e melhor. Falta-nos uma série de condições básicas para viabilizar as mudanças que se fazem necessárias e urgentes – mais sabemos improvisar, sabemos criar do nada. É importante saber. É urgente pensar. É fundamental se posicionar. É tomar o destino em nossas mãos, para que o futuro do nosso país tenha um rumo diferente e, que as mulheres façam a diferença na tomada de decisões, para um Brasil mais igualitário e humano, que sonhamos tanto para o presente, bem como para as mulheres que virão para nos substituir no futuro e que encontrarão uma sociedade mais justa e igualitária. .

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