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Página específica para a 3ª edição do curso de especialização em Gestão Pública e Sociedade:

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A BANALIZAÇÃO DA AUTOGESTÃO- CONCEITO CRIADO NA LUTA PELA EMANCIPAÇÃO

AUTOGESTÃO VERSUS CO-GESTÃO.

Dividir para reinar.


Diante dos avanços da ideologia da co-gestão é importante lembrar o pensamento do professor Maurício Tragtenberg (1929- 1998) sobre autogestão social. Segundo M. Tragtenberg autogestão social e socialismo são termos que se confundem, não é possível pensar em emancipação da classe obreira dissociada das lutas proletárias contra a opressão do Estado e do capital. Em "Administração Poder e Ideologia" (1980), Tragtenberg demonstra como as ideologias gerenciais participacionistas manipulam a classe obreira para criar o “escravo contente”. Autogestão social (associação livre dos trabalhadores) significa a destruição do poder político e a construção de uma sociedade sem classes, ou seja, comunista. Não tem nada a ver com co-gestão e outras formas de cooptação e divisão da classe obreira pelo Estado e/ou empresas privadas. Portanto autogestão social não significa arranjos organizacionais “incubados” fora do processo de luta de classes, isto é, distante do conflito real contra a exploração capitalista. Assim como o capital apropria-se das experiências das cooperativas da classe obreira avança na (re) significação do conceito histórico "autogestão social”. Vários outros conceitos também estão sendo banalizados e utilizados contra a própria classe proletária: cidadania, solidariedade de classe etc. Não devemos confundir a ideologia do “empoderamento proativo local” com a luta por autogestão social. Diz o professor Maurício em "Reflexões sobre o Socialismo" (1986): "À medida que a luta operária se desenvolve cria estruturas igualitárias de ação coletiva que entram em antagonismo direto com as relações sociais existentes na sociedade capitalista. A classe trabalhadora cria os embriões do socialismo pela prática da ação direta contra o capital unificando decisão e planejamento e eliminando a divisão tradicional de trabalho entre os que pensam e os que fazem, entre os dirigentes e os dirigidos. Essa é uma tendência que aparece nos momentos decisivos da luta concreta dos trabalhadores: na Comuna de Paris (1871), na Revolução Russa (1917), nas revoluções alemã e húngara (1918), na Guerra Civil Espanhola (1936 - 1939) e no Movimento de Maio de 1968(Europa). Nas lutas as operárias (os) formam Comissões de Fábricas e Conselhos que visam autogerir a vida econômica, política e social. Como definiu a Associação Internacional dos Trabalhadores (28/09/1864), a libertação dos trabalhadores deve ser obra dos próprios trabalhadores (p.5,6).” A classe proletária não luta por delegação caso contrário será manipulada por minorias vanguardistas e/ou por oportunistas da política profissional. Tive a oportunidade de escutar um jovem proletário negro dizer: “Estamos cansados de ver ONGs com pobres na cabeça e edital nas mãos”! Ainda há jovens que não perderam a leitura crítica da realidade. Conheçam as lutas em Chiapas, Morelos e Oaxaca sítio: www.espora.org/jra-


Felipe Luiz Gomes e Silva felipeluizgomes@terra.com.br {Publicado no Jornal Primeira Página – São Carlos- 05/10/10- Opinião p. A2}

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