Felipe Luiz Gomes e Silva – felipeluizgomes@terra.com.br
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Página específica para a 3ª edição do curso de especialização em Gestão Pública e Sociedade:
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
FELIZMENTE A GERÊNCIA TAYLORISTA É COISA DO PASSADO...
Frederick. Winslow. Taylor (1856-1915) é conhecido como um dos pioneiros da Gerência Científica. Com o objetivo de "racionalizar" o processo produtivo e aumentar a produtividade do trabalho manual ele desenvolveu o estudo dos movimentos elementares realizados pelos operários. A finalidade da “análise científica” era eliminar todos os gestos físicos considerados supérfluos à reprodução do capital, isto é, condensar os poros da jornada de trabalho ao máximo. A ciência do trabalho deveria determinar a “única maneira de executar as tarefas” (one best way) e, desta forma, a produção padrão, o que alguns engenheiros chamavam de “o dia ótimo do trabalho”. Para F. Taylor todo trabalho cerebral ou criativo deveria ser banido do chão da fábrica e todas as tarefas prescritas pelo Departamento de Organização e Métodos ou de Produção. A "racionalização" taylorista do trabalho demandava um complexo aparato burocrático, isto é, uma estrutura organizacional comprometida com o cálculo rigoroso do tempo do trabalho humano. O pré-cálculo dos gestos manuais era necessário ao estabelecimento dos tempos padrões. Para que a eficiência do trabalho não declinasse com a fadiga fisiológica o “método científico” estabelecia intervalos de descanso, aplicava-se a famosa Lei da Fadiga. Uma beleza! E para estimular a boa conduta operária o incentivo monetário deveria estar relacionado ao rendimento do trabalho individual e a supervisão da classe proletária cerrada, rigorosa. A máxima do taylorismo era: quanto maior a divisão do trabalho, maior a eficiência e a produtividade. Para este pesquisador a pobreza material estava relacionada ao desperdício de tempo causado por movimentos físicos ineficientes. Em resumo, “a ciência do trabalho” pretendia transformar o homem em uma perfeita máquina e salvar a humanidade da pobreza. Por exemplo, quando esta “ciência” foi aplicada na tarefa de assentar tijolos, dos 18 movimentos físicos realizados pelos operários 14 foram eliminados, isto significou que quatro gestos manuais passaram a compor “o dia ótimo de trabalho”. Para o pesquisador H. Braverman (1982), o taylorismo era uma técnica social de controle que degradava e oprimia a classe obreira. Segundo Simone Weil (1937), o método taylorista era necessariamente opressor, ou seja, era incompatível com qualquer projeto de emancipação e dignidade humana. Durante a escravidão negra o Brasil foi muito competente em “gastar gente” (Darcy Ribeiro). Felizmente isto é coisa do passado. Não é? Faço duas perguntas: quando o cortador de cana poda cerca de 8 toneladas os administradores aplicam a Lei da Fadiga, isto é, os intervalos de descanso. E as operárias de telemarketing que precisam ficar atentas ao tempo médio operacional (TMO) de 29 segundos? Elas têm quantos minutos para refeição e para o descanso? Dizem que no Brasil a classe obreira não é tratada como queria o Senhor F. Taylor, ou seja, como uma máquina. Nós já vivemos na sociedade do conhecimento e do trabalho qualificado. É bom saber! Não é? {Publicado no Jornal Primeira Página de São Carlos - Opinião p.A2- 2010}.
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