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Página específica para a 3ª edição do curso de especialização em Gestão Pública e Sociedade:

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

PRIVATIZAÇÃO, SOFRIMENTO E SUICÍDIOS NO TRABALHO: A violência invisível

Como dissemos no artigo anterior a Cia. Vale do Rio Doce foi privatizada por FHC em 1997. Hoje é a segunda maior mineradora do mundo, atua em 30 países com um conglomerado que reúne cerca de 60 empresas e 150 mil operários. Mas, além de destruir o meio ambiente, tem invadido e expulsado trabalhadores das suas terras na Indonésia, no Maranhão e em outros lugares. Afirmamos também que a situação dos “bóias-frias”, que podam mais de 8 toneladas de cana/dia na próspera Califórnia Brasileira, não melhorou com a democracia. Os que não morrem de superdose de trabalho (mais-valia absoluta), sem reposição de energia e de potássio, estão “felizes” com seus celulares, DVDs etc. Como estão as condições de trabalho na França? Melhores do que no Brasil? O Movimento de Jovens Comunistas da França (MJCF) tem mobilizado politicamente a juventude contra o neoliberalismo, contra as perdas de direitos trabalhistas e sociais. A juventude que luta nas ruas e nos colégios diz ( para além da reforma na aposentadoria) o que está em jogo é a questão da escolha de sociedade: individualista/competitiva ou solidária? Participei, recentemente, do “Seminário Internacional de Educação e Trabalho” na Universidade Estadual de Campinas, S. P., e aprendi com a pesquisadora francesa Daniéle Linhart que a precarização subjetiva tem sido uma das causas dos altos índices de suicídios no trabalho na França. Durante as passeatas que acontecem nas ruas ouve-se: “não suportamos mais trabalhar”. Isto é, o nível de exploração da mais-valia pelo capitalismo histórico tornou-se brutal e mortal. Diz C. Dejours que o trabalho não significa unicamente alienação, pois é uma atividade humana fundamental. Atrás da crise atual, provocada pelo aumento da precarização objetiva e subjetiva do trabalho, esconde-se uma crise de identidade humana. O ser humano pode realizar-se no trabalho assim como no amor, ou seja, constituir e reconstituir sua identidade. Mas a gestão capitalista repousa na ameaça ininterrupta à subjetividade dos assalariados. Até escolas, universidades e hospitais do estado têm utilizado a lógica produtivista do capital tais como a terceirização e a gestão de pessoas por meio do medo (flexploração), estas mudanças engendram uma nova forma de sofrimento, o sofrimento ético. Muitos gestores e colegas de trabalho comprometem-se com a banalização da injustiça social. A onda de suicídios leva a França a discutir a perversa cultura da privatização da economia. Após os 25 suicídios de funcionários e 15 tentativas na France Télécom, em apenas 20 meses, o governo fixou um prazo para que as empresas adotem medidas contra o estresse. Lembremos que a Télécon foi privatizada em 2004, as políticas comerciais agressivas baseadas na rentabilidade e nas vendas destruíram a identidade de caráter público dos funcionários. A juventude do MJCF diz que luta contra os “ DESTRUIDORES DO FUTURO”.

Felipe Luiz Gomes e Silva. felipeluizgomes@terra.com.br

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