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Página específica para a 3ª edição do curso de especialização em Gestão Pública e Sociedade:

sexta-feira, 18 de março de 2011

A RIQUEZA PRODUZ A POBREZA E DELA SE ALIMENTA

Para o burguês Cecil Rhodes a expansão do Império Britânico era crucial e se fosse possível deveria anexar os planetas. Afirmava que para salvar os 40 milhões de habitantes do Reino Unido de uma mortífera guerra civil o Império deveria apoderar-se de novos territórios para “exportar” a população miserável que sobrava. E assim, de 1850 até a Primeira Guerra Mundial, 40 milhões de miseráveis foram “exportados” da Europa para outras terras, o que equivaleu mais de ¼ da força de trabalho, enorme excedente humano. Hoje esta solução não é mais possível. Os 57% dos trabalhadores miseráveis da América Latina, os 40% da Ásia e os 60% da África já não são necessários à exploração capitalista, o sistema econômico não é capaz de absorver essa grandeza de indigentes (Davis, M. 2006). Para Z. Bauman esses miseráveis são, para o capital, imprestáveis “entulhos humanos”. Segundo a Organização Internacional do Trabalho a última crise mundial adicionará 50 milhões de seres humanos aos 190 milhões de desempregados existentes. Não há política compensatória {Bolsa-Família} que atenda essa enorme quantidade de miseráveis do mundo. Há quem acredite que as causas da crise do capitalismo estão diretamente relacionadas ao mau caráter dos governantes e dos parlamentares, isto é, ficam na superfície do problema. São muitos os “moralistas generosos” que apoiaram, com fervor, à Ditadura Militar de 1964. É óbvio que os governantes são apenas burocratas subordinados aos interesses econômicos dos capitalistas locais e mundiais. Os burocratas podem ser “generosos” gestores da miséria proletária por meio de políticas compensatórias, mas as raízes estruturais da miséria permanecem intocadas. As mazelas do capitalismo são inerentes à sua natureza destruidora. A causa fundamental das mazelas deriva da sua própria dinâmica, ou seja, a produção da riqueza social é coletiva, mas a apropriação dos frutos do trabalho humano é privada. O Brasil é exemplar na produção de desigualdades sociais, pois 45% de toda riqueza e da renda estão concentradas nas mãos de apenas cinco mil famílias e 31,09% de pessoas, com 10 anos ou mais de idade, não possuem rendimentos (PNAD, 2009). A especulação financeira é uma qualidade do sistema, não podemos esquecer os superlucros e os juros/agiotas que sugam o suor da classe trabalhadora. Repito: o Brasil, infelizmente, pagou de juros/agiotas 380 bilhões de reais, o que correspondeu a 36% de todo Orçamento da União e foram destinados apenas 4,8% para saúde e 2,8% para educação (2009). Há quem acredite que D. Rousseff cortou R$50 bilhões para pagar juros/agiotas por ser uma senhora malvada. O príncipe Fernando Henrique e o ex-operário Lula não estancaram essa criminosa sangria da classe trabalhadora. D. Rousseff e o seu aliado J. Sarney não estancarão e muito menos um futuro presidente tucano também subordinado aos interesses do poder econômico. Quem estancará?


felipeluizgomes@terra.com.br


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