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Página específica para a 3ª edição do curso de especialização em Gestão Pública e Sociedade:

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

AS CIDADES OCULTAS E OS MEGAEVENTOS

Em defesa da democracia ouvimos a mídia repetir sem cansar que Hugo Chaves é um ditador exemplar. Dizem: a população sofre com seus atos, pois quer implantar, de cima para baixo, o Socialismo Bolivariano. Mas poucos jornalistas e intelectuais fazem uma análise crítica do histórico processo de dominação e exploração da classe proletária da Venezuela. E como anda nossa República Democrática? Com as preparações para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos são previstas obras sem licitação, “remoções” (despejos) de milhares de pessoas, transferências de recursos públicos sem transparência, intervenções que ferem as leis de planejamento urbano e normas de proteção ao ambiente, falta de respeito aos direitos humanos. Não existe participação popular nas decisões! Há, de fato, a presença de um “Estado de Exceção”. Muitas das obras planejadas não respeitam os parâmetros firmados em documentos internacionais e nacionais tais como: o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, a Constituição Federal de 1988, o Estatuto das Cidades de 2001 e os Planos Diretores. Para o “justo desenvolvimento do Brasil” os dois megaeventos custarão, cada um deles, por enquanto, a cifra de 30 bilhões de reais. Só a empresa Odebrecht, que está à frente da construção da Arena do Corinthians em S. Paulo, Fonte Nova em Salvador, Arena de Pernambuco e a reforma do Maracanã receberá 2,6 bilhões de reais. Na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, o sistema viário passará em cima de proletárias favelas que serão “democraticamente removidas”. A Unidade de Pacificação-corredor quem vem do aeroporto até a Barra da Tijuca- é um verdadeiro “cordão sanitário” contra a pobreza, a geografia corresponde às áreas dos projetos dos megaeventos. Como se os moradores fossem “entulhos humanos” o prefeito pretende “remover” apenas 119 favelas. A antiga Comunidade Vila do Autódromo, localizada próxima ao local de construção da Vila Olímpica, também está ameaçada de “remoção”. Para a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos e a urbanização do Rio Cocó, na cidade de Fortaleza, estão previstas a “remoção” de 3.500 famílias e mais de 3.800 favelas. Muita “Gente Humilde” está sendo expulsa das cidades e dos estádios com apoio do Estado Democrático e com o uso de fundos públicos. A reforma do Maracanã diminuirá em quase 10 mil o número de torcedores, haverá um shopping com praça de alimentação. Lembremos que nos Pan-Americanos de 2007, foi feito um contrato exclusivo com uma rede de fast-food e os torcedores não podiam levar seus lanches. As 12 cidades são vitrines mercadológicas para o capital, portanto devem ocultar “tudo que é feio” para o “inglês não ver”. E o proletariado, em sua maioria negro e pardo, será “removido”, mais uma vez, pela classe dominante racista do Brasil. Por que “te calas” imprensa livre? Salve Adoniran! Salve Chico!(Caros Amigos, 1/2011)


Felipe Luiz Gomes e Silva felipeluizgomes@terra.com.br

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