Páginas Vinculadas

Página específica para a 3ª edição do curso de especialização em Gestão Pública e Sociedade:

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Sobre a entrevista da KA na revista não-VEJA

Amigos e amigas dessas trilhas carregadas de opções preferenciais, li hoje a entrevista da senadora do meu Estado, a Kátia Abreu, concedida à VEJA.

Vejam bem, Yavéh que nos proteja, Grandes Deusas, Jesus e os Orixás, corremos o risco de sermos doutrinados pela sábia Kátia Abreu, muito apropriada de firmes conhecimentos em sua área preferencial, conhecida de todos nós por defender grandes produtores agrícolas, a propriedade privada e o agronegócio, de todos os matizes, e corremos o risco de acabarmos engolidos pela nossa tão usada dialética, pelo contraditório dessa mulher, que teve abertura para falar para a revista Não-VEJA! e se diz preivilegiada por ser cotada para ser vice-presidenta do Serra.

Nós, aquelas e aqueles que estamos do lado de cá dessa pendenga luta de classes, dessa tão atual mas falsamente apagada assimetria econômica e social, chamados de radicais e esquerda sem causa, precisamos reparar bem pro jeito da madame Abreu, senadora do Tocantins: bem vestida, tranquila, falando bem, demonstrando capacidade de dialogar com os diferentes, defendendo trabalhadores e trabalhadoras rurais, conjunturando trabalho escravo, defendendo classe média rural, defendendo reforma agrária, porém condenando o que ainda chama de "invasões" e crime organizado do campo, avisando que há diferentes tipos de agronegócios e nos chamando praticamente de fundamentalistas, ignorantes e rebeldes sem causa, pois "eles" são muito compreensivos, justos e DEM-ocraticos.

Nós, aquelas e aqueles sempre CRIMINALIZADOS/AS precisamos abrir a nossa boca para mostrar que assim como ela tão bem defende aqueles a quem prefere, nós temos razões muito bem fundamentadas, científicas, reais, comprovadas, verdadeiras, intoleráveis para defender aqueles e aquelas a quem preferimos. Temos que arregaçar e radicalizar nossa preferência de classe, pois ela está fazendo isso com modos de conciliação e de social-democracia.

Não somos fundamentalistas da burrice, do crime, do oportunismo, da usurpação, da ilegalidade!

Somos empobrecidos seres, cheios de dignidade que sabem muito bem a diferença entre quem tira leite e quem provoca o leite por meios mecânicos; entre quem descança dois minutos para comer à sombra de uma árvore por falta de tempo e cadeiras de quem come confortável em salas refinadas os injustos e amaldiçoados banquetes pagos com o suor do povo, todos os dias.

Sabemos muito bem a diferença entre quem ocupa terras improdutivas e questiona a propriedade privada por amor à igualdade e à dignidade, aos direitos humanos de todas as pessoas e aqueles que as tomam, se apropriam para se tornarem cada vez mais ricos, destruindo e vendendo as riquezas da nação apenas para seu grupo de poder;

Sabemos muito bem a diferença na prática entre escravidão e sub-emprego e gordos salários, injustos salários para vestir terninho de grife e defender a elite agrária patriarcal e latifundária do país.

Sabemos muito bem a diferença entre falar duro e amolecer o coração para aqueles que sofrem no campo e na cidade e falar manso e adocicado com o coração fechado e empedernido, raivoso e preconceituoso contra mulheres e homens pobres do campo.

Sabemos a diferença entre gerar trabalho e renda para as mulheres socializando e repartindo tudo o que temos e doar umas poucas máquinas, tratores, mamógrafos e fazer proselitismo com isso, mesmo que tenha conseguido com os recursos públicos.

Bela a foto da senadora, de terninho e meias finas, com cara de quem já se sente vice-presidenciável, mesmo que isso deprecie quem mereceria (segundo demonstra) ter a caneta na mão para tomar as autoritárias decisões em favor dos ricos, dos empresários e da propriedade privada, ou seja, ela quer ser presidenta.

Pobre de nós, mulheres gordas, mal vestidas, arrastando chinelinhas, com dentes caindo, desempregadas, e com sub-salários atrasados. Mas, nós não nos vendemos aos DEM-ônios para um mísero poder. O poder que buscamos não é aristocrático, é equitativo-democrático. Com ele, mulheres lutadoras e justas não servem aos representantes do capitalismo, da destruição ambiental, da escravidão, do patriarcado. Estamos a serviço da justiça, da vida, da equidade aos trabalhadores/as, às mulheres e seus filhos/as.

Não só a caneta já está na nossa mão a muito tempo fazendo a história, como mudaremos essa história com essa mesma caneta e, sem nenhum triunfalismo, nenhuma letra lembrará mais dessa gente. Além das canetas, temos também as borrachas para apagá-los, sem medo de cometer injustiça ou de apagar um acerto da história e levá-los ao lugar que merecem, o lugar do esquecimento.

Para isso, temos a assistência dos anjos e anjas, de Deus/a dos exércitos e da Paz, de uma justiça que se não enxergamos na Terra é porque ela está se escondendo para no momento certo se Aparecer para nós. O 1o. Poder não é na seqüência que alardeiam. O primeiro poder é do alto, o resto vem depois. Assim como existe um outro mundo possível, que desejamos e ainda não vemos na totalidade, existe esse momento em que não haverá mais Kátias Abreus, Caiados, Sarneys, Siqueiras, tantos, e infelizmente, tantas outras que estão nos DEM-onizando. Santifiquemo-nos pela união e unidade nas lutas por esse outro mundo socialista possível.

Bendita seja a dialética e bendito seja o contraditório, por eles Deus/a que nos defenda!

*Indignada Bernadete AP, aquela quem tem nome de santa e que, às vezes, sabe usá-lo!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário