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Página específica para a 3ª edição do curso de especialização em Gestão Pública e Sociedade:

sábado, 16 de abril de 2011

O Fetiche da Tecnologia

De 1850 até a Primeira Guerra Mundial, mais de 40 milhões de pessoas foram “exportadas” da Europa para outros territórios, o que equivaleu mais de ¼ da força de trabalho. Essa foi uma forma da Europa “resolver” o problema do desemprego, solução que hoje não é mais possível. Para além do mero avanço técnico o desenvolvimento econômico exige justiça social. Mas ainda há quem acredite que a tecnologia por si só resolverá a questão atual do excedente humano na América Latina e que a luta pela reforma agrária é anacrônica, ultrapassada. Há no nordeste, por exemplo, o Movimento Social Conviver com o Semiárido que defende tecnologias sociais e empreendimentos agroecológicos solidários que poderão melhorar as condições de vida da classe trabalhadora. Em Alagoas e no Maranhão 60% de “inframiseráveis” recebem a bolsa-família e a situação pode piorar. Com aplicação de avançada tecnologia 70% das águas da transposição do Rio Chico serão destinadas à irrigação, 26% para consumo industrial e urbano, só 4% para consumo humano. Portanto, como os “inframiseráveis” e os 20 milhões de nordestinos serão beneficiados? Para José G. da Silva e outros há no nordeste uma “questão agrária” a ser resolvida. Afirma José Eli da Veiga: “Em todos os países desenvolvidos, a agricultura familiar tem uma importância socioeconômica e política muito maior do que a agricultura patronal, baseada no trabalho assalariado. No Brasil a situação é inversa. Até o Banco Mundial reconhece que nenhuma outra política tem capacidade redistributiva do que a reforma agrária. Apesar da força do MITO da agricultura patronal, a sociedade brasileira está aos poucos se dando conta da sua absurda INEFICIÊNCIA distributiva. Todavia o assentamento anual de algumas dezenas milhares de ‘sem-terra’ valerá pouco se nada for feito para liberar o potencial dos pelo menos dois milhões de agricultores familiares ‘com – terra’. É crescente a população rural não- agrícola, pois enquanto diminui o êxodo rural cresce a desocupação agrícola, cerca de 28 milhões de pessoas deixaram a área rural entre 1960 e 1980. E entre 1992 e 1995, ficaram sem ocupações agrícolas assalariadas ou por conta própria cerca de 120 a 150 mil famílias. E o caráter essencialmente familiar da agricultura dos EUA não parou de se firmar. Ao contrário do que muitos pensam, as ‘corporações’ são exceção. A tradicional agricultura familiar foi responsável por 54% da produção comercializada E no Brasil produz 70% dos alimentos! O país precisa aprofundar e ampliar fortalecimento da agricultura familiar em três domínios prioritários: educacional, fundiário e creditício. É preciso enfrentar a questão agrária, mudar o padrão tecnológico e cuidar do ambiente. O conhecimento científico adequado deve ser o principal insumo e para isto é preciso melhorar o ensino regular em escolas rurais, a formação profissional e as redes de extensão e assistência técnica (1998)”. Não bastam técnicas e tratores!


Felipe Luiz Gomes e Silva.

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